domingo, 22 de junho de 2014

Favoritismo na Copa dura só até a bola rolar

Argentina penou para ganhar do Irã
A Copa do Mundo do Brasil com a maior média de gols depois de 1958, na Suécia; com partidas emocionantes e de nível técnico elevado, nas quais, com frequência, a "zebra" passeia sem cerimônia e as grandes seleções penam para ganhar das de menor tradição no mundo da bola é um desafio enorme para os críticos e para os todos os amantes do mais fascinante dos esportes. A má fase ou a oscilação das grandes seleções só reforçam a dúvida sobre o vencedor da 20ª Copa do Mundo.

Escrevo na manhã de domingo, dia 22, decorridos 10 dias do início da Copa do Mundo. Hoje será concluída a segunda rodada da competição. E nesta segunda-feira tem início, com Brasil e Camarões, a terceira e decisiva rodada da fase inicial, que definirá os primeiros e segundos colocados de cada grupo, além das seleções que retornam para casa. E até agora nenhuma seleção se firmou como favorita absoluta ao título. Vejamos a situação atual  das quatro que eram vistas como as grandes favoritas antes da bola rolar. No próximo texto, trato das favoritas do segundo pelotão e das surpresas. 

Brasil - Até o momento, com base, é claro, nas duas partidas iniciais, é uma decepção. Na estreia, contra a Croácia, embora tenha jogado mal, ainda exibiu alguns poucos lampejos de bom futebol. Acabou beneficiada pela arbitragem com a marcação de um pênalti que só Fred e Felipão viram e a marcação de uma falta sobre o nosso goleiro, que redundaria em gol da Croácia, sujeita a chuvas e trovoadas. Mas o Brasil conseguiu ser ainda pior no jogo contra o México, no qual escancarou de vez seus graves problemas. Além de Paulinho, Daniel Alves e Fred atravessarem má fase técnica, Neymar é obrigado a carregar o time nas costas, mesmo jogando sua primeira Copa. Para piorar, sob a liderança do treinador, os jogadores não aceitam as críticas e insistem na bobagem de que o time está evoluindo. Estranhamente, na concentração da Granja Comary, a seleção descansa muito e treina pouco. Seu futuro na competição depende de uma acentuada melhora. Caso contrário, logo ficará pelo caminho.

Argentina - Está tudo nos pés de Lionel Messi. Depois de uma estreia pra lá de discreta contra a Bósnia, a Argentina só não foi vítima da maior zebra da Copa porque seu goleiro defendeu bolas impossíveis no jogo contra o Irã. E só venceu  graças a um golaço de Messi no último lance da partida. O juiz também fez sua parte ignorando um pênalti claro do lateral argentino Zabaleta num atacante do Irã. O fato é que a Argentina até agora esteve longe de honrar sua condição de favorita. Sabíamos que sua zaga não inspira lá muita confiança, mas o que surpreende até aqui é a descoordenação entre o meio de campo e o ataque, considerados os pontos fortes da Argentina. Jogadores de alto nível, de quem se esperava muito,como Di Maria, vêm rendendo bem aquém do esperado.
 
Alemanha -Depois de um começo arrasador, goleando Portugal por 4 x 0, nove entre dez críticos passaram a apontá-la, com razão, como a seleção mais consistente. No entanto, seu conjunto harmonioso e elenco repleto de ótimos jogadores (ninguém tem tantas opções de qualidade no banco de reservas) não a impediram de tropeçar diante de Gana, em partida em que chegou a estar perdendo já no segundo tempo.Chegou ao empate num grande jogo, em que teve chances de vencer. Só que o time africano também criou várias chances de gol. Além de ter sentido o calor do Nordeste brasileiro, ficou a dúvida : a atuação contra Gana foi um ponto fora da curva ou a Alemanha sente dificuldades diante de adversários que marcam forte atrás e saem rápido no contragolpe ?

Espanha - Eliminada depois de duas derrotas, se despedirá melancolicamente no jogo contra a Austrália. Como tudo na vida acaba, sai de cena o estilo tic taca que encantou o mundo e deu as cartas no futebol mundial desde 2008, quando os espanhóis ganharam a Eurocopa, título seguido pela conquista da Copa do Mundo da África do Sul, em 2010, e novamente a Eurocopa em 2012. Não é à toa que a manutenção da posse da bola e o jeito refinado de tocá-la de pé em pé também fez água, antes da Copa, no Barcelona, grande sensação do futebol mundial nos últimos anos. Na Espanha, também parece chegar ao ocaso da carreira uma geração de craques que marcou época. Como admirador incondicional do futebol plástico e artístico jogado pelos espanhóis, só tenho a agradecê-los pelos  momentos de puro êxtase proporcionados ao longo dos últimos seis anos.






Nenhum comentário:

Postar um comentário