quinta-feira, 19 de junho de 2014

Um torcedor muito preocupado

Direto ao ponto : pelo que mostrou até agora, nos dois primeiros jogos, a seleção brasileira é uma decepção. E a situação poderia ser até pior, não fosse a ajuda providencial da arbitragem no jogo de estreia contra a Croácia. Para piorar a situação, o técnico Felipão repete Dunga e dá um show de grosseria na entrevista coletiva, se negando a enfrentar perguntas banais sobre as más atuações do Brasil. Sei que é pedir demais, mas o treinador brasileiro podia recolher algum ensinamento do professor Del Bosque, técnico da Espanha, que deu uma aula de fair play, civilidade e educação durante a entrevista que se seguiu à eliminação da atual campeã mundial pelo Chile. Del Bosque não fugiu de suas responsabilidades, aceitou as críticas e parabenizou o jogo mais eficiente dos adversários. No caso do Brasil, podemos estar diante de um impasse: todos sabem que o primeiro passo para a resolução de um problema é admitir que ele existe, o que Felipão se nega a fazer.

Isso se reflete inclusive na rotina de treinamentos da seleção. Não percebo no dia a dia da Granja Comary um ritmo intenso de treinamentos táticos e técnicos voltado para  corrigir os defeitos do time, que são muitos. Ao contrário, prevalece uma programação de time pronto, que está voando e na ponta dos cascos, o que, convenhamos, está longe da realidade da nossa seleção.

Primeiro porque os treinamentos se dão, com poucas exceções, em apenas um período. Depois, porque são muitos os recreativos, bate-bolas e treinos só de reservas. Estranhamente, o time principal passa a maior parte do tempo descansando em Teresópolis.

Depois da fraca atuação do Brasil contra a Croácia, eu esperava um esforço concentrado da comissão técnica e jogadores para corrigir os erros, encontrar novas opção táticas para o time e testar jogadores que estão no banco, mas que podem render mais do que alguns titulares em má fase técnica, tais como Paulinho, Daniel Alves e Fred. Sem falar que não dá para ficar dependendo só de Neymar, hoje obrigado a carregar o time nas costas.

Não seria o caso de se experimentar um esquema tático sem um controavante fixo, tornando o time mais leve, veloz e menos previsível ? Nada disso aconteceu. Entre os jogos contra a Croácia e o México, foram cinco dias sem nenhum treinamento intenso e pesado pra valer.

É pena, porque o alto nível técnico dessa Copa, com uma boa parte das seleções jogando ofensivamente (o que se reflete na média elevada de gols), torna a conquista do hexa pelo Brasil bem mais difícil. Seis seleções até agora mostraram um futebol mais vistoso, produtivo e eficiente que o Brasil : Holanda, México, Chile, Alemanha, Itália e Inglaterra. A Argentina logo entrará nessa lista, aposto. É claro que não tem nada perdido. Copa do Mundo é um torneio eiminatório, não um campeonato.

O Brasil pode perfeitamente se encontrar em campo, obter uma vitória convincente e rumar para a conquista do título. Mas, para que isso ocorra, tem de melhorar muito. Aí a pergunta que não quer calar é a seguinte : tamanha transformação será possível com a postura arrogante do Felipão e com o salto alto que, emanado da comissão técnica, contamina o grupo de jogadores ?

2 comentários:

  1. E a genial idéia da CBF de manter a seleção concentrada no frio polar de Teresopolis com chuva e granizo enquanto todos os jogos são em estádios com temperatura superior aos 30°?!?!

    ResponderExcluir