segunda-feira, 1 de setembro de 2014

O programa de TV de Dilma e o esclarecimento do eleitor

Durante todo o primeiro turno das eleições de 2010, a tática adotada pelo comando da campanha de Dilma Rousseff  à presidência pode ser comparada à daquele time que toca a bola para os lados e para trás, esperando o tempo passar e garantir a vitória. Mesmo diante de todos os indícios e alertas da militância de que a consequência daquela não campanha seria a disputa ser levada para o segundo turno, o grupo dirigente formado pelos três coordenadores (José Eduardo Dutra, José Eduardo Cardoso e Antônio Palocci) se manteve inflexível, afinal as tais pesquisas qualis do marqueteiro João Santana asseguravam a vitória no primeiro turno. Deu no que deu. E o que isso tem a ver com as eleições deste ano ? Muita coisa. O programa eleitoral de TV da presidenta Dilma do último sábado disparou o sinal de alerta.

Primeiro é importante assinalar que a concepção técnica, a edição e os recursos gráficos do programa são primorosos. Ponto para João Santana. Está correto também exibir em ritmo frenético as realizações do governo Dilma, para tentar compensar minimamente o boicote do monopólio midiático dos últimos quatro anos. Contudo, se o cenário mudou, se o quadro eleitoral foi sacudido pela disparada de Marina nas pesquisas, por que diabos o programa tem de continuar rigorosamente o mesmo, na mesma linha, no mesmo tom ?

Não defendo que o programa deva deixar de informar o eleitor sobre os inúmeros programas sociais exitosos do governo Dilma, as obras fundamentais para a infraestrutura do país e a geração de emprego. Tampouco que abandone as comparações com os países do capitalismo central e com a era FHC. Isso deve ser mantido até o final. Mas não custa o programa dedicar metade do seu tempo ao confronto com Marina, apontando suas enormes contradições, incoerências e inconsistências.

A parte do eleitorado que pretende votar em Marina porque acredita nas suas boas intenções e qualidades, precisa ficar sabendo de sua ligação com os banqueiros, do seu fundamentalismo religioso, de sua visão retrógada na área do comportamento. Os que até agora se deixaram levar pelo discurso vazio e empobrecido da "nova política" merecem tomar conhecimento de que não existe nada mais velho e conservador do que a independência do Banco Central preconizada pela candidata, pois significa juros altos, recessão e desemprego, com a banca e os rentistas passando a dar as cartas da política econômica.

As pessoas devem ser alertadas de que o discurso mudancista da candidata do PSB é apenas um biombo eleitoreiro para esconder o retrocesso social que um eventual governo de Marina provocaria. É só olhar os economistas neoliberais e tucanos que a cercam e aconselham. No que se refere a projetos estratégicos para o país, a situação é ainda mais grave. Sem meias palavras, quem não prioriza o pré-sal se coloca contra os interesses estratégicos da nação. Quem pretende ignorar a matriz hidrelétrica da produção de energia do país, na prática, sabota o desenvolvimento econômico e social do Brasil.

No tocante à governabilidade, deve se tornar de domínio público os riscos de um governo com bancada reduzida de parlamentares e sem apoios consistentes no Congresso Nacional. Nesse aspecto, a candidata se encontra diante de uma encruzilhada. Se eleita, ou jogará o país numa crise permanente ou promoverá o maior toma-lá-dá-cá da história republicana.

Senão vejamos. Quantos deputados o PSB elegerá ? Com certeza, um número pouco expressivo de parlamentares. Não lhe restará outra saída que não seja atrair o PSDB como principal aliado. Só que as expectativas sobre a eleição de deputados e senadores tucanos são as piores da história do partido. Aí não restará alternativa à Marina fora da negociação no varejo com os partidos menores, sedentos por um naco de poder.

Em síntese, penso que, desde já, o programa eleitoral da presidenta Dilma tem a obrigação de enfrentar esse debate. Só com o esclarecimento dos eleitores será possível  frear o avanço de Marina nas pesquisas.



Um comentário:

  1. Olá, amigos!

    Dando continuidade (por minha conta) às palavras de nossa querida Maria Luisa Luisa Medeiros (amiga em comum com muitos aqui) no intuito de somar esforços, também informando aos eleitores indecisos e, ainda, alertando àqueles da “Turma do Brax” que nos manteremos firmes, aí vai:

    Ainda que sendo um Governo de centro-esquerda (acredito que mais de centro do que de esquerda) como o é o PT, ainda que não representando diversas das forças e movimentos sindicais e, ainda que mantendo alianças um tanto duvidosas, as gestões do Ex-Presidente Lula e da Presidente Dilma insuflaram e deram poder à classe trabalhadora como não se via desde a década de 60 (estes tempos não vivi, obviamente, mas os livros e os estudos humanísticos tem aí o seu valor), abriram as portas para uma gente que não existia, que era invisível perante os olhos da sociedade, e para muitos outros, mesmo com toda a força oposicionista impondo obstáculos em cima de obstáculos para que as mudanças efetivas ocorressem. Existe muito a se fazer? Existe muito o que melhorar? Sem sombra de dúvidas! E aqui, cabe dizer: não esperem que 12 anos de um governo progressista, consertem mais de 500 anos de exploração e de erros não só desastrosos, mas catastróficos dos setores conservadores com o nosso Brasil. Precisamos de mais tempo, e de mais tempo neste caminho que tem seguramente dado bons frutos, apesar do que maldiz a mídia nacional, sabidamente inescrupulosa.

    A entrega da Petrobrás e dos nossos patrimônios e de tudo o que isso representa, a diminuição das articulações com o MERCOSUL, a estagnação do salário mínimo e das leis trabalhistas, a diminuição da geração de empregos, a redução do papel dos bancos públicos em prol de maior participação dos privados, uma política de juros altos, uma reafirmação do Estado Mínimo, o contínuo negligenciamento em torno das reformas intrínsecas a uma sociedade democrática (reforma política, tributária, agrária...), rejeição da participação ativa da sociedade civil na política, total desinteresse pela democratização e regulação econômica da mídia, a não revisão da Lei de Anistia e a não responsabilização dos militares torturadores da ditadura, o retrocesso nas conquistas dos diretos humanos (homossexualismo, divórcio, aborto...) e evidentemente um Estado falsamente laico como teríamos com a derrota do populismo?? NÃO!!!

    Um Governo contra o povo, contra o desenvolvimento e contra o progresso NÃO ME REPRESENTA MESMO (para usar um bordão de que todos gostam)!!!

    Nenhum de vocês nunca se perguntou o porquê de os conservadores neoliberais terem tanto horror e se esmerarem tanto em derrotar o PT? O próprio José Agripino, velho conhecido nosso do coronelismo potiguar e coordenador da campanha de Aécio Neves, declarou abertamente nestes dias que vale tudo (se referia à um possível apoio à Marina no segundo turno) contra um mal maior, que seria o PT. Por que estas pessoas com tanto dinheiro (nosso dinheiro), que nem de longe defendem os nossos interesses, têm tanto medo do PT?
    Ou o porquê de os candidatos da direita não entrarem em detalhes de seus programas de governo durante os debates eleitorais e seguirem se equilibrando em um discurso demagógico? Se estes assumissem publicamente que suas gestões resultariam em desemprego e dependência, não teriam 0,1% das intenções de voto.

    É por tudo isto e mais um monte que tenho votado e mantenho o meu voto no Partido dos Trabalhadores, e que publico e reproduzo textos, matérias e charges a favor do Governo e contra os setores reacionários. As minhas ações e intenções, com isto, não são a de meramente uma militância cega e descomprometida, são atos que acredito serem responsáveis por causar algum impacto (por menor que seja) no meu círculo de amigos e que também acredito poderem fazer estes mesmos amigos refletirem e tomarem a decisão que confiarem ser a mais acertada para toda a nação.

    Fica a opção de refletir ou não aos que lerem...

    13jos à todos também rsss

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