Depois de uma abertura apoteótica na noite de quinta-feira (27), com a iluminação da barragem de Ipaipu, seguida de um espetáculo pirotécnico, teve início efetivo na manhã de hoje o Encontro Internacional dos Blogueiros, em Foz do Iguaçu, com representantes de 16 estados brasileiros e de 32 países. O papel das novas mídias foi debatido por Krintinn Hrafnsson, porta-voz do WikiLeaks, Ignácio Ramonet, criador do Le Monde Diplomatique, e Luis Nassif, jornalista e blogueiro.
Kristinn denunciou o bloqueio financeiro ilegal sofrido pelo WikiLeaks e assegurou que o site conseguirá os recursos necessários para seguir em frente. "Vamos continuar expondo os erros e aumentando a transparência neste mundo. Sem transparência, não há democracia", afirmou. Ele analisou a parceria feita com a mídia tradicional, apontando as dificuldades de trabalhar em conjunto com uma mídia mais interessada em futilidades e celebridades do que em notícias sérias. " Foi um processo de aprendizagem muito grande para nós", avaliou Kristinn.
- A explosão das novas mídias é o que de mais importante e desestabilizador se produziu até agora. Os novos webatores estão transformando a forma de se fazer jornalismo. Os grandes meios estão em crise no mundo todo. Até a CNN corre o risco de desaparecer em futuro próximo. O fato e que a mídia tradicional perdeu o monopólio da informação - disse Ignácio Ramonet, ao abrir sua palestra.
Para Ramonet, hoje verifica-se uma crise de identidade dos jornalistas tradicionais, ao mesmo tempo em que os estados autoritários não controlam mais a informação como antes, já que os povos estão se apoderando da informação para derrotar os governos autoritários. " Estamos avançando na democratização das comunicações, ou pelo menos na democratização do uso da informação. Mas precisamos fazer algumas reflexões. Por exemplo, temos que ter claro que estamos apenas no início de um processo e que atravessamos um período transitório. Há cinco anos atrás não tínhamos nem facebook nem twitter, mas dentro de cinco anos, embora possamos afirmar que os blogueiros e twitteiros terão um papel ainda mais importante, não é possível prever quais serão as ações dos meios tradicionais para recuperar o poder."
O último palestrante, o jornalista Luis Nassif, traçou um quadro histórico do comportamento da mídia em relação à luta por mudanças importantes. "A mídia sempre foi fator de enorme resistência às mudanças." Segundo Nassif, a concentração de renda ao longo da história brasileira está ligada ao controle da mídia. O conceito de sem-mídia, para Nassif, dever ser ampliado : " Sem mídia, são todos os que não pertencem ao setor financeiro." O jornalista lembrou ainda o pacto feito em 2005 pelos grandes jornais visando a queda de Lula e a volta dos tempos em que os jornalões tiveram maior prestígio no Brasil. De acordo com Nassif, um dos temores da mídia era a concorrência de grupos poderosos chegando ao mercado brasileiro.
Sobre o jogo sujo das eleições do ano passado, ele denunciou que, com quatro anos de antecedência, blogueiros e twitteiros a serviço de Serra e do PSDB já disseminavam os boatos mais rasteiros na internet. Contudo, a mídia, em vez de assumir a a mediação da disputa, mergulhou de cabeça na onda de ataques "malucos e sujos." Em relação ao que espera da blogosfera, Nassif alertou a todos para que não incorram no grave erro da intolerância. " A mídia se especializou em assassinar reputações e em espalhar a intolerência. A blogosfera não pode repeti-la."
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