segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Lloran los medios; arriba, Cristina !

Os jornalões de hoje abrem suas manchetes para a estrondosa vitória de Cristina Kirchner, na Argentina. Muito a contragosto, a nossa mídia de direita (irmã siamesa dos Clarins e La Nacions de lá) não economiza nos superlativos para definir o feito obtido pela presidenta : “ maior votação desde a redemocratização”, “ mais poderosa chefe de estado desde então”, “vitória esmagadora também nas eleições para a Câmara, o Senado e as províncias.” Logo, porém, entram em cena os “especialistas” alertando para os riscos de “tamanha concentração de poder”. As aves de mau agouro preveêm dias cinzentos para a economia e “recrudescimento do controle da mídia”. Tremem de medo da aplicação da Ley de Medios.

A lei, já aprovada pelo Congresso argentino depois de encaminhada pelo Executivo, proíbe a propriedade cruzada dos meios de comunicação, democratiza o acesso da sociedade às outorgas de radiodifusão e acaba com o monopólio dos jornais Clarín e do La Nacion sobre a produção de papel jornal, dentre outros pontos que viram pelo avesso o panorama oligopolizado e antidemocrático das comunicações naquele país. No momento, os efeitos da lei estão suspensos por uma liminar, prevista para cair em breve quando apreciado pela Corte Suprema.

Depois da morte do ex-presidente Néstor Kirchner, no ano passado, a mídia Argentina, ecoada por seus parceiros brasileiros, não cansou de preconizar o  falecimento político da Cristina, afinal, seria ela incapaz de governar fora da sombra do marido. Seu luto, algo de foro estritamente pessoal e respeitável, passou a ser alvo do mais abjeto desrespeito. Para a imprensa, a dor da viúva era uma bem calculada e teatralizada jogada de marketing político, voltado para despertar a solidariedade afetiva dos argentinos. Coisa de quem mede os outros pelo seu esquadro.

Esqueceram que o Produto Interno Bruto argentino crescia em níveis extraordinários ( a previsão de variação do PIB para este ano ultrapassa os 8%), o índice de pobreza do país, mercê  dos investimentos e programas sociais do governo do casal K, foi derrubado de 50% para 7,5% da população. Os fortes subsídios do governo em setores como transporte e energia contribuíram para a aquecer a economia, com impactos diretos na geração de emprego. Nos últimos 10 anos, o desemprego recuou de 20% para 7,5%.

Na seara da articulação política, a presidenta mostrava seus dotes, revertendo a crise com o setor do agronegócio que eclodira em 2008  e costurando uma ampla aliança em torno do seu partido, a Frente para a Vitória. No front externo, reforçava os laços com os governos do campo democrático e de esquerda do continente, apostando na criação da Unasul, cujo primeiro secretário-geral foi Néstor Kirchner.

Sua linha de atuação diante da crise econômica internacional de 2008/2009 e da atual se assemelha à adotada pelo Brasil, com base na ampliação do crédito em bancos públicos, desonerações e fortalecimento do mercado interno - as chamadas medidas anticíclicas.

Por tudo isso, também o povo argentino deu mais uma demonstração de que não quer voltar atrás. Para desespero dos que choram de saudades do neoliberalismo.


Nenhum comentário:

Postar um comentário