sexta-feira, 27 de abril de 2012

Banqueiros e PIG nas cordas

Primeiro o governo reduziu drasticamente os juros dos bancos públicos. A ladainha que se seguiu nas manchetes, editoriais e colunas de grande parte da imprensa condenava a ação ousada do Planalto a um retumbante fracasso. Como era previsível, porém, o PIG deu com os burros n'água. Os bancos privados depois de muito espernearem vieram na esteira e a velha mídia engoliu em seco o gol de placa de Dilma, Mantega e Tombini. Só que o arsenal de medidas do governo ainda estava longe do fim : Caixa e BB  baixaram ainda mais os juros, ampliando seu alcance para outras modalidades de financiamento. Ainda atordoados, os banqueiros perderiam o sono com o anúncio de que as tarifas nos bancos públicos serão cortadas.Mas a mídia tentou ajudar os parceiros a saírem das cordas anunciando mudanças na poupança e pisada no freio na derrubada dos juros. Não contavam com mais uma ofensiva do Banco Central, cuja ata divulgada nesta quinta (26) indica que a taxa Selic permancerá em queda, e da Caixa Econômica, que criou os fundos de investimento populares para impedir a migração dos recursos dos fundos para a poupança.

As contas do PIG eram simples : como mexer na poupança no Brasil é algo extremanente impopular, o governo sairia chamuscado justamente num ano eleitoral, pois com as quedas seguidas da Selic o governo se veria forçado a  mexer nas regras da poupança, sob pena de prejudicar a rolagem da dívida pública. Como se sabe, a caderneta de poupança é um investimento extremanente atraente por vários motivos : é isenta de imposto de renda, tem reumeração fixa (TR mais 6% ao ano), não cobra taxa de administração e o cliente não precisa nem ter conta em banco.

O ponto fora da curva, porém, não tardaria a surgir : a  Caixa Econômica Federal resolve criar fundos de investimentos tão atraentes quanto a poupança, com taxas de administração baixas e redução drástica no valor mínimo das aplicações.Agora, com apenas R$ 10 pode-se aplicar num fundo de investimento, pagando uma taxa de administração de 1,3% ao ano. Se o investidor optar por uma renda variável através da compra de ações na Bolsa de Valores, desembolsará 1,6% ao ano de taxa de administração.

Para entender melhor a nova estratégia da Caixa, reproduzo trecho de matéria públicada no caderno de economia do jornal O Globo desta sexta-feira (27) :

- Isso é inédito. Nenhuma corretora aceita um valor de aplicação mínima de R$ 10 - destacou o vice-presidente de Ativos de Terceiros da Caixa, Marcos Vasconcelos, acrescentando que os produtos estarão disponíveis a partir de hoje para todos os interessados, inclusive quem não é cliente da Caixa.

Prossegue a matéria : "Além disso, a Caixa voltou a reduzir o custo dos fundos de investimentos existentes, como é o caso dos fundos DI. Num deles, a taxa caiu de 2% ao ano para 1,5% e, em outro, de 1,20% para 1% ao ano. O valor inicial da aplicação nessas duas modalidades também caiu 50%, de R$ 100 para R$ 50 e de R$ 5 mil para R$ 2,5 mil."

A expectativa agora é que, a exemplo do que ocorreu  com a redução dos juros por BB e Caixa, outros bancos sigam o mesmo caminho. Vale a pena torcer.


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